Encarar outra língua realmente pode ser um desafio. Quem teve oportunidade de estudar inglês no Brasil naturalmente terá mais facilidade, mas infelizmente não é a regra. O nosso país não oferece acesso decente à outras línguas e o inglês ensinando nas escolas públicas, e em até algumas particulares, não é suficiente para sair do “My name is” ou “Thank you”.
Somente no dia-a-dia, lendo, ouvindo e falando é que aprendemos realmente o inglês falado com diferentes sotaques, muitas gírias e abreviações. É verdade que os adultos geralmente têm mais dificuldade em aprender novas línguas, realmente não é simples, mas também não é impossível. Uma vez um amigo me disse que é importante ,sim, falar inglês, pois somente assim desfrutaremos tudo o que esse país têm a nos oferecer. Por isso, não desista.
Como pais, ficamos extremamente preocupados com a adaptação das crianças à língua estrangeira. Mas posso te afirmar, por experiência própria, que no começo é mais difícil para nossos filhos se adequarem à cultura local do que aprender a nova língua.
Quando vim para cá, tinha um filho com 3 anos e outro com 11 anos. A experiência com o de 3 anos e meio seria o divisor de águas para nós. Se ele fosse capaz de se adaptar e vencer a barreira da língua, então ficaríamos e estabeleceríamos nossa empresa e negócios. Ele falava português muito bem, inclusive já estava quase alfabetizado. Chegando aqui, eu e meu esposo decidimos que eu ficaria cuidando dele até que completasse 4 anos, para prover à ele um tempo de adaptação com a nova casa e rotina.
Estando em casa, comecei a ensinar o que eu sabia, como alguns comandos, perguntas e respostas básicas, e assistindo sempre a desenhos em inglês. A intenção era “prepará-lo” para a escola. Claro que 6 meses não foram suficientes para ele aprender, pois eu estava muito insegura e, como ele, também enfrentando o mesmo desafio de aprender a língua. Decidimos, então, inscrevê-lo em uma escola particular cristã, e ele começou em Agosto, pois o ano escolar aqui é de Agosto a Junho. Ele entrou no Pre-Kindergarten ou Pre-K, que é o equivalente ao “Jardim” para nós.
No início, o Arthur ficava num canto separado de todas as outras crianças, que corriam e brincavam. Para mim e o meu esposo, foi muito difícil ver o nosso filho segregado na primeira semana, ele que é tão comunicativo, alegre e amigável. Após algumas conversas com a professora- tão querida- que nos apoiou e o ajudou muito nesse início, decidimos deixá-lo o período todo na escola para que ele pudesse mergulhar no novo mundo. E após duas semanas, o Arthur, então, já entrava no carro alegre e feliz, e corrigindo o nosso inglês, sem sotaque algum! No final do ano do Kindergarten, ele foi retirado do programa de inglês como segunda língua, e na formatura da Primeira série foi o orador da turma!
Naturalmente, com o pré-adolescente o processo foi mais devagar, já que chegou aqui na quinta série já. Mas o que posso dizer, é que as escolas da Florida são completamente preparadas para receber alunos que não falam inglês, com programas diferenciados e professores muito qualificadas. Como já mencionei, talvez o mais difícil para o adolescente seja ‘se enturmar’ no início. A língua é só uma questão de tempo. O mais importante numa mudança dessas é sempre o suporte mútuo da família e apoio aos nossos filhos no processo do aprendizado.